Histórias de Moradores de São José dos Pinhais

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores da cidade.


História da Moradora: Dayane Santos
Local: São José dos Pinhais
Publicado em: 26/05/2015

Tema: Uma história de amor

Sinopse:

O desaparecimento do meu avô.

História:

Meu nome é Dayane Agata dos Santos, tenho dezenove anos, nasci em Curitiba e atualmente moro na região metropolina, São José dos Pinhais. Um dos fatos mais marcantes da minha vida esta relacionado com o desaparecimento do meu avô materno,Salvador Coelho, 76 anos de idade no dia 10 de março de 2006 na cidade de São Paulo.

O mistério começou quando meu avô acordou em uma segunda-feira de manhã e disse para minha avó que iria ao centro pagar algumas contas e voltaria antes do almoço, mas, não foi bem isso que aconteceu. As horas foram passando e meu avô não voltava. Três horas da tarde e nenhum sinal ou telefonema dele. Por volta das 18h00 minha vó ligou para uma das minhas tias para dizer que meu vô não havia voltado pra casa e que poderia ter acontecido alguma coisa, pois ela pressentia que havia algo de errado. Meus tios foram à procura de informações ou pistas, todas sem êxito, pois ninguém havia visto meu avô naquela manhã.

Toda família foi avisada do fato e foi desesperador pensar que poderia ter acontecido alguma coisa com ele. Conforme as horas passavam mais angustiados nos ficávamos, já que o celular dele estava desligado e apesar de toda a busca não conseguimos nenhuma informação. Se tornava cada vez mais angustiante esperar por algum telefone ou sinal de vida.

No dia seguinte quando minha tia estava na varanda encontrou uma carta em cima da mesa onde ele costumava escrever e ler. Ao ler a carta ela nem cogitava a hipótese de que ali estavam escritas as últimas palavras do meu avô. A carta era direcionada a todos os filhos e familiares. Ele primeiramente pedia desculpas pelo ocorrido, e em seguida dizia que precisaria fazer uma viagem que supostamente acabaria em agosto daquele ano de 2006. Em seguida, agradeceu a todos por sempre serem atenciosos e unidos e pediu, principalmente, para cuidarmos bem da minha avó. Quando terminamos de ler a carta, ninguém conseguia acreditar que ele havia na verdade ido viajar deixando os documentos e roupas no armário.

Foi angustiante cada dia, cada mês foi doloroso. Minha mãe viajou e ficou alguns dias com minha avó na esperança de ficar mais tranquila, mas, quando ela retornou precisou passar por psicólogo nos primeiros meses, pois, infelizmente ela ficou com o psicológico muito abalado e desestabilizado. Foi uma lacuna de dúvidas e perguntas que abriram em nossas vidas desde aquele dia.

O mais difícil é tentar entender a lógica dessa situação, pois meu avô sempre foi uma pessoa muito correta, religiosa, inteligente e de boas intenções. Ele enfrentava há alguns anos uma depressão profunda - sempre se recusando a tomar qualquer tipo de medicamento - mas, nunca apresentou nenhuma outra doença. Em minha opinião, a depressão deve ter se agravado já que ele nuca tomou medicamentos e por algum motivo maior ele optou por fazer isso sem pensar nas consequências.

Tenho apenas boas recordações dele. Os presentes, as cartas que ele me escrevia e, principalmente, as histórias que ele me contava estão eternizadas nas minhas melhores lembranças. Lá no fundo tenho esperanças de que um dia vamos ter respostas e principalmente alguma notícia do que realmente aconteceu naquela manhã de março.

Durante esses anos muita coisa aconteceu e mudou. Conseguimos aprender a aceitar a situação, embora ainda restem muitas dúvidas e saudade. O mais difícil é observar que minha avó nunca tirou nenhuma roupa dele do armário e nenhum dos pertences dele do lugar, pois ela ainda acredita que a qualquer hora ele vai voltar pra casa. No início ela se recusava sair de casa achando que ele voltaria e não teria a chave do portão para poder entrar. É triste observar tudo isso e saber que provavelmente ele não vai voltar para esclarecer as dúvidas e cessar a saudade que ele deixou em todos nós.

Por fim, não sei se meu avô está vivo e, principalmente, se ele conseguiu fazer a viagem que ele disse. Não sei se ele vai voltar pra casa um dia. Não sei quais eram os planos que ele tinha em mente. São dúvidas que talvez eu não encontre respostas, mas eu o amo muito e sempre peço para que ele esteja bem mesmo se estiver longe. Sinto saudade. Saudade tão cabível à minha realidade ao perceber que passam anos e anos e ele não volta.

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